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Seu texto aqui: A vida é uma matematica


10 dezembro 2013


Tínhamos tudo pra casar, ter 1,9 filhos e 50% de chance de vivermos felizes para sempre. 

A gente se encontrou no momento perfeito. Eu tinha acabado de sofrer um colapso nervoso e você havia decidido começar a fumar. A louca, que tomava calmantes para conseguir dormir, e a chaminé ambulante se deram imediatamente bem. Acho que nos vimos como o bote salva-vidas um do outro, porque eu tinha mania de me apoiar em você pra não acabar me afogando em mim mesma. A gente se encontrou no momento perfeito. Mas não fomos perfeitos um para o outro. Até tentamos nos envolver e, talvez, nos tornarmos um casal normal. Mas desde a primeira vez que tentamos dormir juntos, eu soube que tudo daria errado. Não me leve a mal, eu te achava atraente, mas definitivamente não era o meu tipo de cara. Lembro até hoje do jeito que você chegou na minha casa. A barba por fazer, adornada por uma camisa, que tinha um pequeno furo na bainha, e o maço de cigarros no bolso esquerdo da calça velha, que você comprou quando tinha uns 19 anos. Você era atraente, mas talvez isso não fosse o suficiente. Ou talvez o que tenha pesado para aquela noite não dar certo fosse o fato de eu estar tão dopada, por causa dos remédios, ou de o meu cachorro ter mordido o seu calcanhar assim que você entrou no apartamento. Bom, o que importa é que ao final da noite eu estava dormindo e você fumando na varanda do quarto. O que eu não entendi foi porque, no outro dia de manhã, você ainda estava lá – dormindo no sofá, sem camisa e com o cabelo todo despenteado. Você tinha ficado, e isso me intrigava. Você não me pedia nada, nem uma grama a mais que isso, porque talvez, só talvez, você também não tivesse muito mais a oferecer. A partir desse dia nos tornamos amigos e a vida se tornou uma rotina para nós dois. Você me levava ao psicólogo toda quarta e eu te comprava chicletes com nicotina. Eu te lembrava das reuniões de trabalho e você não me deixava esquecer o horário dos remédios. Você me dizia para encontrar um namorado – talvez um dos médicos com quem eu me consultava – e eu abastecia o estoque de camisinhas usadas com as mulheres que você encontrava pelos bares. Mas, um dia, como tudo na nossa inequação, alguma coisa deu errado. Você percebeu que andava ocupado demais para gente doida como eu. Eu sentia sua falta toda hora. Estava nadando na minha própria loucura e não tinha mais em quem agarrar, ou quem fizesse qualquer coisa para ressuscitar meu corpo, caso eu me afogasse. E de uma hora para outra, você parou de me ligar e de me visitar. Talvez você também sentisse minha falta, mas não fosse tão patético quanto eu, para admitir. Passaram-se meses e a última coisa que eu lembro de ter feito foi deixar uma mensagem na sua caixa postal. Você nunca retornou a minha ligação.” 

A vida sempre foi ruim em matemática e acabou nos tornando uma equação do segundo grau com duas incógnitas, mas nenhum resultado.

Texto da leitora Isabel Maia. Você é escritor e quer ter seu texto divulgado no BuscandoSonhos? Confira as regras e participe!

6 comentários:

  1. Nossa bem legal sua história, adorei!!!

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  2. Um dos melhores textos que já li, sério mesmo!

    http://l-ovelythings.blogspot.com.br/

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  3. Bem, dps dessa, estou em duvida se tenho coragem de tentar... Parabéns mesmo Isabel!

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  4. Eu achei bom, mas me deu uma angústia sem fim, haha :~~


    Beijos
    Brilho de Aluguel

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  5. Cara, esses textos postados aqui são perfeitos!

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  6. Caramba, lindo demais.
    Escreve muito bem.

    beijos e ótimo restinho de semana

    http://mylife-rapha.blogspot.com

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