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RESENHA: NO REVERSO DO VIÉS


27 setembro 2017


Eu não sou a melhor pessoa para resenhar livros de poemas, mas vou dar o meu melhor pra vocês.

No Reverso do Viés é composto de várias coisas; de rimas, de orgulho, de homenagens, de vida. Cada poema retrata um sentimento intenso. Eu decidi que pra fazer essa resenha, algumas vezes, vou pegar um trechinho de alguns poemas e falar um pouco sobre o que eu entendi deles. Há muitas dedicações, homenagens, que já podem ser notadas desde o início do livro, como em Profissão de Fé: 


 "Vai costurando vacuos e versos 
 em frágeis leituras e poemas imersos
 Nas entrelinhas da obra quase inacabada". 
                            Página 33.

Há vários jeitos de interpretar um poema, e dificilmente uma pessoa vai pensar como a outra ou entender o mesmo significado que ela, mas, do meu ver, esse poema fala de alguém (kapi) que também era poeta e que foi homenageado com uma escrita simples, mas cheia de sentimento, sobre o poeta que é. No decorrer das páginas, a autora faz várias outras homenagens cheias de sentimentos.



É possível ver que através das palavras ela vai se encontrando e compartilhando muitos sentimentos com quem lê a obra. Um desses sentimentos é o orgulho, o orgulho afro- brasileiro que ela carrega com ela, como podemos ver em Jogo de Búzios, Meninas de Iemanjá, Canjerê e em outros; mas o que mais me chamou atenção foi Ancestrais, que é uma referência para o Dia da Consciência Negra.

 "As coisas que não vivi
 Me foram dadas por memória
 De espírito reencarnados
 Nos gritos de nossa história".
    Página 61.

O livro possui poemas em que a autora fala de cidades onde morou, de histórias, da infância, mais homenagens. No poema La Paz, ela faz uma observação onde é notável o gosto dela em escrever sobre isso.


 "Revejo fotos envelhecidas
 como quem atualiza o passado".
   Página 79.

 Em Maturação, tem um trecho que me fez viajar e refletir bastante.

 "Deixe passar o verão, meu amor,
 que a gente há de ver a flor de outono
 brotando nossos frutos e refazendo
 o que há de novo, a nascer e usufruir".
                   Página 89.

Esse trecho me lembrou bastante os momentos na vida da gente, como quando estamos tristes e achamos que aquele momento nunca vai acabar, mas aí aceitamos e vemos o momento passando e um novo dia pela frente, uma nova chance. Parece um conselho de uma amiga íntima que olha para todos e diz que é preciso deixar as coisas irem para perceber as que estão chegando.

O último trecho que eu quero mostrar me chamou bastante a atenção e fala mais ou menos a mesma coisa. É um trecho de Apocalíptica, e diz assim:

 "A vida é agora ou nunca (?)".
      Página 84.

Esse trecho pequeno e simples me fez refletir sobre o poema todo, que, no meu ver, diz que o que aconteceu ontem de manhã já aconteceu, já passou, e que se uma folha voou, que deixe a folha e olhe para frente, para o presente, afinal, "a vida é agora ou nunca?".

O livro é bem curto, mas o que é escrito nele faz uma grande diferença. O que mais me chamou a atenção foi o orgulho da autora por quem ela é, pela cultura dela. É uma coisa muito bonita de se ver, de se ler. No Reverso do Viés é um livro simples, mas completo e cheio de vida, história, orgulho e sentimento.


LIVRO: NO REVERSO DO VIÉS
AUTORA: AMÉLIA ALVES
PÁGINAS: 113 
NOTA:         
EDITORA: IBIS LIBIS
LIVRO ENVIADO PARA RESENHA

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